Mostrar mensagens com a etiqueta Lutas laborais. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Lutas laborais. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 4 de março de 2010

Resumo do conflito com o cinema Babylon antes da ilegalização da FAU de Berlim


Artigo em galego que resume o conflito da FAU-Berlim com o cinema Babylon, antes do processo que levou à sua ilegalização, publicado no site da CNT-Galiza.


 O cinema Babylon, localizado no distrito Mitte de Berlin, conta con unha tradición cinematográfica de máis de 80 anos. Encontra-se nun edificio histórico protexido e seu programa de filmes de autor garantiza-lle o éxito nunha cidade moderna como Berlin. Infelizmente isto non se traduciu en unhas condicións laborais dignas. Con poucas perspectivas de que as cousas melloraran, os seus traballadores decidiron tomar cartas no asunto.

Estaban fartos dos míseros soldos (5,50-8,00 euros/hora), de despidos arbitrários, de non receber pluses de nocturnidade e fins de semana, etc., é dicer, de traballar en unhas condicións totalmente precárias. De facto, o próprio director do cinema admitiu que os salários estaban apenas por cima do nível de vida en Alemaña. Ditas condicións laborais eran especialmente escandalosas nun cinema muito coñecido pola proxección de filmes esquerdistas e sociais, e que, ademáis, recebe subvencións anuais de centos de milleiros de euros do Senado de Berlin.

Para tratar de conseguir melloras, uns cantos traballadores decidiron organizaren-se na "Freie ArbeiterInnen-Union" (FAU; Unión de Traballadores Livres) en xaneiro de 2009. Acercaron-se à FAU porque esta organización é fiel aos seus princípios de base e porque un dos seus compañeiros xa conseguira axuda no sindicato.

domingo, 16 de agosto de 2009

SUBEMPREITEIROS DE CONSTRUÇÃO CIVIL EXPLORAM TRABALHADORES BRASILEIROS E PORTUGUESES

Na Corunha e em Vigo, empresas como a JAI-AND/UNIPESSOAL, uma empresa de trabalho temporário de Vizela, têm recrutado trabalhadores no Porto e arredores para empreitadas de construção civil e obras públicas (como o "polígono industrial de Bueu", em VIGO e outras obras, perto do Carrefour da CORUNHA) onde estes trabalham e não são pagos. A alguns destes trabalhadores - com jornadas de trabalho entre 9 e 10 horas por dia - a empresa deve entre 60 a 15 dias de trabalho, desde o início de Maio.

Inicialmente foram-lhes prometidos salários de 5 a 7 euros/hora e até agora nenhum recebeu, tendo por esse motivo alguns abandonado o trabalho até que a empresa lhes pague o que lhes deve. Porém, a situação vai-se agravando, continuando alguns brasileiros e portugueses a trabalhar nas duas obras apenas a troco de comida.

Os trabalhadores também se queixam de serem geralmente transportados pela empresa em veículos bastante degradados e sujeitos a acidentes, bem como de a empresa não dispor da ferramenta necessária à execução dos vários serviços.

APELA-SE à ACÇÃO DIRECTA DE RESISTÊNCIA E PROTESTO DOS TRABALHADORES PRECÁRIOS E SUAS ORGANIZAÇÕES, TANTO NA GALIZA COMO EM PORTUGAL, JÁ QUE PARA ESTES EXPLORADORES A "CRISE" É DOCE...

(ATENTE-SE SÓ NA VIVENDA DA FAMÍLIA E NOS "CARRÕES" DE QUE ESTES PATRÕES DISPÕEM EM VIZELA, próximo à estação da CP...)
.

"IPSS" BURLONA NÃO PAGA TRABALHO DE 8 IMIGRANTES NEM DE FUNCIONÁRIOS


No passado ano de 2008, em Julho, oito trabalhadores precários, a maioria imigrantes brasileiros, foram "recrutados" pela "empresa" "ENGER ESP-CONSTRUÇÕES", para obras na pseudo-IPSS ("ROSA SUAVE", Lar de idosos unipessoal, Lda), na rua Guerra Junqueiro, Nº500, na zona da Boavista, no Porto.

Passados mais de dois meses a responsável pela direcção daquela "IPSS","Drª Margarida", apenas tinha pago ao empreiteiro um mês de trabalho, tendo desde aí vindo a esquivar-se ao pagamento do resto do tempo devido - ficando por isso também os oito trabalhadores imigrantes sem receber o montante referente a mais de mês e meio de trabalho (o último pagamento foi feito em Setembro de 2008).

Em paralelo, aquela "IPSS" deve também salários em atraso a outros funcionários da sua própria estrutura - que entretanto também lhe puseram um processo no tribunal de trabalho.

A tal "Drª Margarida" tem-se esquivado ao contacto do empreiteiro, também ele brasileiro (como os trabalhadores a quem continua a dever salários, por conta do não pagamento da "IPSS"), jogando com o facto de alguns deles não terem ainda "regularizada" a sua situação de imigração e temerem represálias por isso.

DIANTE DA MAFIOSICE DE "INSTITUIÇÕES PARTICULARES DE SOLIDARIEDADE SOCIAL" COMO ESTA É PRECISO QUE DEIXEMOS CLARO QUE OS COMPANHEIROS IMIGRANTES NÃO ESTÃO SÓS!
SOLIDARIEDADE E RESISTÊNCIA!
.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Solidariedade com os trabalhadores da fábrica em autogestão "Disco de Oro" (Argentina)



Jantar de solidariedade com os trabalhadores da fábrica em autogestão "Disco de Oro" de San Martín, Argentina

dia 28 de Março – 20 h

no Centro de Cultura Libertária
Rua Cândido dos Reis, 121, 1º Dto – Cacilhas - Almada
http://culturalibertaria.blogspot.com/

* * * * * * * * * *

Artigo publicado no blog dos companheiros argentinos no dia 20 de Março passado:

“Trabalhadores da fábrica Disco de Oro demonstram que não precisam de patrões”

Há alguns dias, os companheiros portugueses deram este mesmo título a um artigo sobre a fábrica “Disco de Oro”.
De facto, graças à força dos operários e operárias da “Disco de Oro”, esta fábrica permanece ocupada pelos mesmos há mais de um mês. E em conflitos deste género, notavelmente, foi a que mais rapidamente começou a produzir.
Já começaram a trabalhar, de forma lenta mas empenhada. Graças às contribuições de trabalhadores de outras fábricas, aos vizinhos que foram os primeiros a comprar mercadoria, à solidariedade internacional dos trabalhadores, ao festival solidário realizado e à contribuição dos companheiros que vêm aguentando a ocupação.
No entanto, os trabalhadores não obtiveram nenhum dinheiro para si. Todo o dinheiro que chega vai directamente para um fundo de produção, que lhes permite não depender de nenhum assistencialismo estatal nem de “investidores” que os queiram voltar a explorar.
Alguns companheiros da F.O.R.A. estavam presentes quando um patrão de outra fábrica do mesmo ramo veio oferecer-lhes uma pretensa ajuda económica, com a promessa de fornecimento de toda a matéria-prima para a produção. Eram claras as suas intenções de apropriar-se da marca (e da fábrica) já que, reiteradamente, apontou o logótipo impresso na porta da fábrica dizendo “Isso sim, é o que importa”. Disse também “Se é por dinheiro, não há problema”, acrescentando que ninguém perderia o seu posto de trabalho e que todos receberiam salário.
Este homem, quando pensava que tinha “comprado” os operários com as suas promessas de dinheiro e bem-estar, ficou perplexo quando os próprios trabalhadores tornaram claro que na fábrica as decisões são tomadas pelos operários e que não querem mais patrões: “A fábrica e a marca são dos trabalhadores e de mais ninguém”.
A coragem destes homens e mulheres é enorme. Estão em luta, não só pelo seu posto de trabalho, como também para demonstrar que o patrão não é mais do que um parasita que lhes suga o sangue, porque eles, entre iguais, conseguem fazer funcionar a fábrica sem ter nenhum burguês à frente. Muitos deles, sem outra saída, estão dispostos a deixar a sua vida defendendo esta luta, que se torna quase impossível em várias ocasiões. Mas com a solidariedade que eles recebem, a sua vitória é possível.
Porque a emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores e de nenhum Estado ou vanguarda.

Mariano
Sociedade de Resistência de San Martín - F.O.R.A.
http://socderesistenciasm.blogspot.com/
.

quinta-feira, 12 de março de 2009

Argentina: Trabalhador@s da fábrica “Disco de Oro” demonstram que não precisam de patrões

Dos noss@s companheir@s da FORA (Federación Obrera Regional Argentina, Secção Argentina da AIT), chegou-nos um apelo à solidariedade com @s trabalhador@s da fábrica Disco de Oro. Est@s, após terem sido enganad@s e abandonad@s pelos patrões, tentam recomeçar, em autogestão, a produção desta fábrica de massa para empadas e tartes, formando para tal uma cooperativa. As decisões respeitantes a esta luta têm sido tomadas em assembleias horizontais de trabalhador@s. Para conseguirem os seus objectivos, @s operári@s da Disco de Oro precisam de solidariedade económica para poderem comprar as matérias-primas necessárias.

Os fundos angariados devem ser transferidos para a seguinte conta:

Nº 5004098 Banco Provincia de Buenos Aires, em nome de Juan Marcelo Pereña

Para mais informação sobre o conflito na Disco de Oro podem visitar o blog da SROV de San Martin:
http://www.socderesistenciasm.blogspot.com/


Carta d@s noss@s companheir@s da FORA-AIT:

Companheiros,

Somos a Sociedade de Resistência de Ofícios Vários de San Martín, filiada na FORA-AIT. Estamos a acompanhar, desde há um mês, a luta dos trabalhadores da Disco de Oro, uma fábrica de massa para empadas e tartes.

O dono da fábrica deixou os trabalhadores na rua, após o que eles ocuparam a fábrica e agora pretendem começar a produzir para poderem comer, uma vez que o patrão não lhes paga há seis meses. Eles organizam-se numa assembleia horizontal e tomam assim as decisões, sem autoridade. A nossa Sociedade de Resistência está activa na luta desde o primeiro momento junto dos trabalhadores.

É por isso que vos escrevemos a pedir a vossa solidariedade económica, para ajudá-los a começar a produzir como cooperativa de trabalho sem patrão, pois foi a sua decisão e necessitam de comprar matérias-primas para a poderem pôr em prática. Há muitos casos de trabalhadores com mais de 40 anos de casa que, se não puderem trabalhar na cooperativa, ficarão na rua e sem dinheiro para as suas famílias.

Além disto, houve ameaças dos donos. Por isso, quanto mais depressa se conseguir produzir, mais rápida será a recuperação da fábrica por parte dos seus operários.
Qualquer contribuição, por mínima que possa parecer, é muito importante para os trabalhadores.

Os trabalhadores da Disco de Oro precisam da nossa solidariedade económica. Como anarquistas, e como trabalhadores, devemos dá-la.

Um abraço fraternal,

Sociedade de Resistência de Ofícios Vários de San Martín – FORA-AIT




Operários e operárias da fábrica Disco de Oro em luta

Em San Andrés (San Martín), os trabalhadores e trabalhadoras da fábrica de massa para empadas Disco de Oro, após conseguirem parar o esvaziamento da fábrica que os patrões tentaram levar a cabo, decidiram no dia 2 de Fevereiro tomar a fábrica e lutar pelo seu local de trabalho.

Guillermo Ferron, enquanto proprietário da empresa (assim como de negócios escuros e patifarias por todo o lado), e Sergio Godoy del Castillo, enquanto testa-de-ferro e patrão, são os responsáveis que conduziram a fábrica ao encerramento e os operários ao desespero. Começaram a não pagar salários, férias, subsídios e outros pagamentos, há cinco ou seis meses. Pagavam quantias miseráveis aos trabalhadores para mantê-los “tranquilos” ao mesmo tempo que iam reduzindo a produção e a qualidade do produto. Por último, mandaram os trabalhadores para casa, com a desculpa de que a matéria-prima escasseava e de que realizariam reparações nas máquinas para melhorar a produção. Muito pelo contrário, aproveitaram para tentar esvaziar a empresa. Há que somar ainda a isto dois operários acidentados, a meio do ano passado, que não receberam um peso por parte da segurança social, porque o proprietário não pagava as contribuições. É por isto também que, neste momento, há operários e suas famílias que não podem receber cuidados médicos.

Ainda assim, são mais de dez as famílias que, neste momento, lutam por recuperar aquele que é, em muitos casos, o seu único sustento económico, e o trabalho de operári@s que chegam a ter 48 anos de casa. Passam dia e noite a guardar os seus meios de produção, acompanhados por vizinh@s e outros trabalhador@s que se solidarizaram com esta luta. Colocaram em marcha, de acordo com o que foram discutindo nas suas assembleias, a formação de uma cooperativa de trabalho para recomeçar a produção. A raiva que sentiram quando o patronato tentou roubar-lhes o que sempre lhes pertenceu (a sua produção), transformou-se hoje na resistência, na auto-organização e na luta para demonstrar que o trabalhador é capaz de se autogerir sem necessidade de nenhuma sanguessuga que fique com o fruto do seu trabalho, enquanto o olha das alturas com as mão nos bolsos.

Os companheiros da FORA estão aqui para dar-lhes apoio e contribuir enquanto trabalhador@s com a nossa solidariedade activa, sem interesses económicos ou políticos.

Sociedade de Resistência de Ofícios Vários de San Martín
socderesistenciasm@gmail.com
http://www.socderesistenciasm.blogspot.com/



domingo, 22 de fevereiro de 2009

CNT-AIT convoca greve geral no município de Lebrija (Sevilha)

Primeira greve motivada pela crise em Espanha teve adesão de 90%

No dia 18 de Fevereiro, a CNT convocou no município de Lebrija (Sevilha), uma greve geral a favor da criação de uma bolsa de trabalho sob controlo popular, que administre a distribuição dos trabalhos da autarquia, de forma a evitar os clientelismos do PSOE e da UGT e a garantir que existe uma repartição justa do trabalho entre as pessoas que mais precisam, nesta povoação assolada pelo desemprego.

A luta teve início ainda o ano passado, neste município de 26 mil habitantes, após queixas ao sindicato por companheiros que se viam preteridos dos concursos para empregos do Ayuntamiento (Câmara Municipal), por não pertencerem às clientelas do PSOE, partido que governa a autarquia em conjunto com a Izquierda Unida.

O sindicato discutiu o problema e propôs a criação de uma Bolsa de Trabalho sob controlo popular, pela qual teriam de passar as contratações feitas pelo Ayuntamiento, para assegurar uma boa repartição e rotatividade do trabalho, especialmente entre as pessoas com mais dificuldades económicas.

Em 31 de Janeiro, a CNT apresentou a sua proposta numa assembleia convocada na Casa da Cultura do Povo, perante uma assistência de 250 pessoas. Após a assembleia as pessoas deslocaram-se em manifestação até ao Ayuntamiento. No dia seguinte, repetiu-se o mesmo, mas já com 300 pessoas. No dia 6 de Fevereiro manifestaram-se 500 pessoas e no dia 7 de Fevereiro 2500 pessoas!

Face ao não atendimento das reivindicações, a CNT-AIT e o Comité de Cidadãos de Lebrija convocaram uma greve geral no município de Lebrija para o dia 18 de Fevereiro, reivindicando também às empresas o fim dos despedimentos injustificados e arbritários de trabalhadores, assim como a repartição do trabalho, através da eliminação das horas extras e da contratação de trabalhadores.

A greve teve uma adesão que se estima em 90%. A totalidade do pessoal dos supermercados Dia, Lidl, Eroski, Mercadona e Carmela, assim como os padeiros e os bancários aderiram à greve a 100%. O mesmo aconteceu no sector de serviços e construção, nos bares e restaurantes e nas principais obras do município. Os piquetes de greve apenas encontraram em funcionamento uma gasolineira, duas cafetarias e o mercado de abastecimentos composto por umas oito famílias que vendem frutas.

Esta foi a primeira greve realizada em Espanha devido à crise e pela repartição justa do trabalho.
.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Pastelaria Lua de Mel fecha sem aviso e PSP agride os trabalhadores

Os 20 trabalhadores da pastelaria Lua de Mel, situada na Baixa de Lisboa, estão diariamente em vigília frente às instalações desde o dia 15 de Novembro, aguardando por um esclarecimento dos patrões que teima em não aparecer. Tudo começou no dia 14 de Novembro à noite, sexta-feira, quando após um dia normal de trabalho, os trabalhadores receberam um telefonema informando que a pastelaria iria encerrar durante três dias para limpezas. Estranhando a situação, pois o sócio gerente, José Fernandes, não havia mencionado qualquer limpeza e até tinha recebido vários pedidos de encomendas para os dias seguintes, os funcionários decidiram voltar à pastelaria no sábado de manhã, dia 15, encontrando vários homens a “limpar” a pastelaria de todos os bens que lá existiam, retirando todas as máquinas e equipamentos que encheram pelo menos sete carrinhas. Os trabalhadores tentaram impedir a saída das carrinhas com o recheio das instalações e foi chamada a PSP. As forças policiais (que incluíam vários elementos do corpo de Intervenção) esperaram até cerca das 19h45, hora em que as lojas das redondezas já tinham fechado e o número de pessoas que por ali passava era reduzido (evitando assim que a população se juntasse ao protesto e assistisse ao que se iria passar), para cercar as instalações da pastelaria (desde a Rua da Prata onde esta se situa até ao fim da Rua de Santa Justa) para deixar sair as carrinhas com o material da pastelaria e agredir os trabalhadores que protestavam. Dois deles, Mário Sousa e António Mendes Costa, tiveram mesmo de receber assistência hospitalar devido aos ferimentos.

Os trabalhadores da pastelaria Lua de Mel, alguns com mais de 50 anos, têm um contrato colectivo de trabalho, sendo que alguns deles contam com 30 anos de casa e nunca tinham ouvido dos patrões que a pastelaria iria encerrar. Desde o início que tentam contactar com os sócios gerentes, José Fernandes e Augusto Ferreira, mas estes mantêm-se incontactáveis. Entretanto, já foi interposta uma providência cautelar para suspender este encerramento ilegal e foi pedida uma reunião ao Ministério da Administração Interna (MAI) para questionar o comportamento cobarde da PSP que não só deu cobertura à retirada do recheio da empresa, como ainda agrediu os trabalhadores. Como não receberam qualquer notificação de desemprego, os trabalhadores vêem-se obrigados a comparecer todos os dias junto à pastelaria, cumprindo na rua o seu horário, pois se não o fizerem pode-se alegar que não estão no seu posto de trabalho e justificar assim o seu despedimento. Contam com a solidariedade dos vizinhos e dos clientes que por ali passam e se deparam com o papel nas montras do estabelecimento informando sobre a falsa “limpeza” que foi apenas um estratagema para os patrões enganarem os trabalhadores e desaparecerem com tudo sem prestar contas a ninguém.

A advogada da sociedade que detém a pastelaria Lua de Mel, Alice Ferreira, veio uns dias depois informar que a empresa se debatia com dificuldades financeiras e que a gerência decidiu fechar portas, admitindo que “deveria ter sido feito um pré-aviso de encerramento” mas “a gerência optou por não o fazer” (Diário de Notícias de 19/11/2008). Alice Ferreira disse ainda que “a casa foi entregue ao senhorio porque o contrato de arrendamento cessou em Outubro” mas não quis revelar qual foi o destino do recheio da casa, referindo que existem 200 mil euros para distribuir por 17 trabalhadores e que os restantes 3 funcionários já foram levantar o cheque. Segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Sul, a indemnização proposta corresponde a 70% do valor devido e se os trabalhadores optarem pela via da indemnização vão exigir os 100%. A gerência desta antiga pastelaria da Baixa Lisboeta escolheu fechar a casa, sem sequer comunicar aos empregados e teve ainda o descaramento de os tentar enganar. Esta situação é bastante ilustrativa de como os patrões têm sempre “a faca e o queijo na mão” e fazem o que bem entendem com a vida de quem exploram. Por outro lado, podemos concluir também que, uma vez mais, a polícia, ou seja, os lacaios prontos a servir os interesses do Estado e do Capital, aparecem sempre nas melhores alturas: a tempo de silenciar a mínima voz de protesto e de usar da sua força bruta para calar quem realmente trabalha. É de salientar ainda que um dos trabalhadores agredidos vai fazer queixa contra a actuação da PSP e que os trabalhadores se mantêm unidos e com vontade de lutar pelos seus direitos.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Vitória dos trabalhadores da Fidar ao fim de dois meses e meio de luta

Os operários e operárias da Fidar puderam, no passado dia 17 de Outubro, desmobilizar o piquete que vinham mantendo por turnos à porta da empresa desde o dia 1 de Agosto, para evitar a retirada dos bens da empresa, após terem sido despedidos sem qualquer garantia de pagamento dos direitos salariais e indemnizações devidas. Isto porque o tribunal de Guimarães decidiu, no dia 15 de Outubro, a favor dos trabalhadores que pediam a insolvência da empresa e a nomeação de um administrador judicial, que assegurasse o pagamento das dívidas da empresa aos trabalhadores.

De acordo com a decisão do tribunal, os seguranças de uma empresa privada que o patrão tinha colocado a vigiar as instalações da fábrica foram substituídos por seis trabalhadores da Fidar. São agora estes trabalhadores, pagos pela empresa, administrada judicialmente, que asseguram que nada sai da fábrica.

Os trabalhadores aguardam agora pela reunião da assembleia de credores, onde estarão representados, no dia 27 de Novembro. Só então haverá desenvolvimentos sobre o rumo da empresa, estando em princípio garantidas as indemnizações dos trabalhadores.

Após dois meses e meio, os operários da Fidar ainda não se desabituaram de ir à porta da fábrica ver como estão as coisas. Só agora começam a interiorizar a situação de desempregados (a média de anos de trabalho na Fidar é de 25 anos, sendo que muitos estão lá desde o início há 35 anos).
Mais do que a decisão do tribunal, o factor decisivo para esta primeira vitória foi a iniciativa dos 95 trabalhadores (de um total de 150 despedidos pela Fidar) que recusaram assinar um acordo de rescisão que não lhes dava garantias, permanecendo durante dois meses e meio, 24 horas por dia, de guarda aos portões da Fidar para defender os seus direitos, resistindo às provocações da entidade patronal, coadjuvada pela GNR.

Nas palavras de um dos trabalhadores da Fidar, a luta que estes levaram a cabo “deu um exemplo ao patronato da região, de que não pode fazer aquilo que lhe apetece”.


Mais sobre esta luta:

+ Empresa FIDAR – um exemplo de resistência: Há dois meses em contestação em frente às instalações da fábrica

+ Empresa FIDAR - Gondar/ Guimarães - Um caso de resistência ...
.

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Solidariedade com os trabalhadores do IKEA de Brescia (Itália)

.



Piquetes da USI em frente do IKEA de Brescia

No dia 1 de Setembro, sete trabalhadores do IKEA de Brescia (Itália) foram despedidos, durante a passagem de uma agência de trabalho temporário para outra, apesar das garantias dadas de que seriam reabsorvidos pela nova agência.

Estes trabalhadores exercem funções no IKEA há muitos anos, recebendo baixos salários e trabalhando mais de 200 horas por mês, sem verem respeitadas as normas de segurança no trabalho (um trabalhador teve de comprar com o seu próprio dinheiro o calçado de segurança), num parque de estacionamento sem ventilação.

Tudo isto foi permitido pelo IKEA que, encarregado de garantir o respeito das leis laborais, sempre preferiu ignorar a situação, em função da lógica do lucro sem limites e sem respeito pela dignidade dos trabalhadores.

Para contrabalançar a descida das vendas, o IKEA de Brescia optou por reduzir o pessoal e piorar as condições de trabalho, de tal forma que agora os trabalhadores do restaurante e do bar se alternam na recolha dos carrinhos do parque de estacionamento.

Os sete trabalhadores despedidos decidiram apresentar-se no IKEA de Brescia todos os sábados e domingos até à sua readmissão.

APOIA A LUTA DOS TRABALHADORES DO IKEA DE BRESCIA!
BOICOTA O IKEA!
BASTA DE TRABALHOS PRECÁRIOS E DE EXPLORAÇÃO!


Adaptação de um comunicado da Unione Sindacale Italiana, organização anarco-sindicalista, secção italiana da AIT
.

domingo, 12 de outubro de 2008

Empresa FIDAR – um exemplo de resistência: Há dois meses em contestação em frente às instalações da fábrica

.


A empresa FIDAR integra um conjunto de empresas que gradualmente foram fechando, sem que os trabalhadores recebessem as indemnizações respectivas por parte do patronato. No que é igual a tantos casos de manipulação e desrespeito por quem se vê subjugado pelas duras leis do trabalho capitalista, a luta destes trabalhadores em concreto, constitui um caso de resistência raro porque continuado no tempo e de forma, diremos, apartidária.
A FIDAR é uma pequena – média empresa de têxteis sediada na região de Gondar, Guimarães, que fechou as portas no fim do mês de Julho por alegada baixa de produtividade.
No seguimento de uma situação aparentemente de crise, o patrão tenta estabelecer acordos com os trabalhadores, no número de 150, para que estes oficialmente declarem o abandono voluntário do seu posto de trabalho, sendo que, o valor a receber ao assinar tal acordo se mostrava francamente inferior ao que, na realidade, deveriam receber.



Os trabalhadores já em protesto afirmam que a forma como este acordo estava redigido encobria os reais motivos do despedimento: por um lado, uma vez que afirmava que os trabalhadores abandonavam os seus postos de trabalho de forma voluntária e não por motivos de carácter financeiro, por outro lado, o montante a receber estava propositadamente em destaque na mancha de texto e seria, como foi, pago em dinheiro vivo no momento da sua assinatura.
54 trabalhadores aceitam o acordo, 93 declinam a proposta, uma vez que o patrão não dá quaisquer garantias do pagamento posterior das indemnizações que efectivamente lhes são devidas. Soma esta que excede em muito a quantia que aquele acordo estabelecia.



Assim sendo, os trabalhadores discordantes manifestam-se desde o dia 1 de Agosto do corrente ano em frente à fábrica, onde permanecem dia e noite até que toda a situação seja justamente regularizada. Note-se que muitos destes têm mais de 30 anos de trabalho nesta empresa e sabem ser extremamente difícil encontrar outras formas de rendimento devido à sua idade, desconsiderada, também ela, nas ofertas de trabalho existentes. Existem, da mesma forma, casais desempregados e com filhos que, trabalhando na mesma empresa, se vêem absolutamente sem rendimentos. É certo que estão a ser auxiliados pelo fundo de desemprego, o que impede que a contestação surja sob outras formas, contudo, não será garantia de uma pacificação por muito mais tempo, afirmam os próprios. É uma espécie de mundo ao contrário, diz um dos trabalhadores, uma vez que, devido à contestação levada a cabo, até já se sentiram enganados também pela GNR.
As forças policiais deram já encobrimento ao patrão ao deixarem que este abandonasse as instalações da fábrica sem que fosse devidamente revistado, numa situação que lembra um autêntico filme, afirma outro dos contestatários. Neste sentido, passaram as autoridades por cima de uma ordem judicial que obriga à inspecção de todos os veículos que entrem ou saiam da fábrica, para que se salvaguardem os bens que se encontram dentro da mesma, única garantia do pagamento das indemnizações aos trabalhadores.
Na situação acima referida, existiu uma clara conivência entre o sargento da GNR e dos seus súbditos, com o patrão da FIDAR. Para além dos senhores polícias terem agido de forma brusca com os trabalhadores que protestavam ao chegarem à fábrica, aceitam que o carro do patrão não seja revistado aos olhos de tod@s, mas nas instalações da GNR.
Como testemunhas, dois trabalhadores que seguiam noutro carro da GNR afirmam que deixaram de ver o carro do patrão que seguia na mesma estrada, pois o polícia condutor abranda propositadamente. Assim, ficou sem se saber o que aconteceu no espaço em que os carros se afastam. Obviamente que os trabalhadores se sentiram gozados ou mesmo raptados pelos agentes (como referem), pois teria deixado de fazer sentido testemunharem seja o que fosse porque muita coisa poderia já ter acontecido naquele espaço de tempo, em que se viram sozinhos na estrada com os senhores polícias.
Os trabalhadores descobriram ainda ligações ambíguas entre o advogado e uma empresa que surge posteriormente ao encerramento da FIDAR e à qual se tentam vender os bens da FIDAR, etc. São estas as situações insólitas ocorridas durante a contestação que ainda dura dia e noite em frente às instalações da FIDAR.

Trabalho do Colectivo Anarquista Hipátia – Porto

A.S. – Entrevistas
U.Z. – Fotos
.