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sexta-feira, 15 de abril de 2011

1º de Maio de 2011 – Manifestação Anti-Capitalista em Setúbal

:: Chamada à recuperação da tradição combativa e anti-autoritária do “dia do trabalhador”::

{Chamada a uma mobilização geral}
Desde o grupo de pessoas que compõem o recém-formado colectivo anarquista *Terra Livre* de Setúbal queremos convocar uma manifestação de indivíduos, grupos, colectivos, espaços ou sindicatos apartidários, anti-autoritários, anti-políticos ou autónomos para o Domingo 1º de Maio de 2011.
Desejamos fazer desta data um marco de mobilização não controlada por nenhuma força partidária, por nenhuma central sindical, ou qualquer força de repressão e controlo do Estado.
Desejamos recuperar o seu carácter de mobilização geral de trabalhadores, desempregados, estudantes e de todos quantos anseiam por uma sociedade nova, livre de violência capitalista, jogos partidários e repressão estatal.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Cimeira da NATO em Lisboa: Nas vésperas da Greve Geral, o terror do Estado impôs-se sobre o protesto autónomo

A Cimeira da NATO, realizada nos dias 19 e 20 de Novembro em Lisboa, poucos dias antes da Greve Geral de 24 de Novembro, foi objecto de um conjunto de acções e manifestações de protesto, contra os quais foi mobilizado um conjunto inédito de meios policiais. A contestação contra a NATO e a guerra ficou claramente marcada pela divisão entre o protesto “autorizado” e “não autorizado” e pela separação preventiva entre meios de protesto ditos “violentos” e “não-violentos”.

Para além do conjunto de acções e pequenas manifestações que decorreram sobretudo entre o dia 18 e o dia 21, destacamos dois protestos que tiveram lugar no dia 20.
Um destes protestos foi a acção levada a cabo na manhã de dia 20 nas imediações do Parque das Nações, na qual várias dezenas de activistas bloquearam durante algum tempo, com os próprios corpos, uma das vias de acesso ao local de realização da cimeira. Em resultado desta acção foram detidas 42 pessoas, que foram levadas para o tribunal de alta-segurança de Monsanto, situado num local isolado e afastado do centro de Lisboa, onde permaneceram largas horas sem direito a falarem com um advogado.

Outro protesto, que destacamos, foi a manifestação realizada durante a tarde na Avenida da Liberdade, no centro de Lisboa, na qual terão participado cerca de 30 mil pessoas. Esta manifestação, “autorizada”, foi convocada pela plataforma “Paz Sim, NATO Não”, composta por cerca de 100 organizações com predominância do Partido Comunista Português e de sindicatos da CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses). Para o mesmo local e hora foi lançada uma convocatória da Plataforma Anti-Guerra Anti-NATO (PAGAN), responsável pela organização, entre outras iniciativas, de uma contra-cimeira no Liceu Camões. As cerca de 500 pessoas que acudiram a esta convocatória, “não autorizada”, foram tratadas pelas autoridades e pelo serviço de ordem da manifestação “autorizada” como um perigo público, isoladas do resto da manifestação e cercadas por três linhas de polícias do Corpo de Intervenção, que impediram, ao longo do percurso, que qualquer pessoa entrasse ou saísse do quadrado a que estavam confinadas.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Proposta Anarco-Sindicalista – Apresentação de programa e proposta de organização local e regional

Texto para debate alargado proposto pelo Núcleo do Porto da AIT-Secção Portuguesa.


1. DO TEXTO DE APRESENTAÇÃO DO DEBATE NAS “JORNADAS ANARQUISTAS E ANARCOSINDICALISTAS” Porto - Out.2010
“A quant@s vêem no Anarquismo e no Anarco-sindicalismo umas relíquias inúteis do passado, a realidade actual (…) desmente essa visão redutora e falsa(...) . Os inúmeros “sites” e publicações libertárias, a recente vitória laboral e judicial da FAU (secção alemã da A.I.T anarco-sindicalista) em Berlim, o avanço e alargamento da actividade da CNT anarco-sindicalista e das juventudes anarquistas (FIJA) no território do Estado espanhol, a implantação das organizações específicas anarquistas em lutas populares na América latina e em África, as Feiras do Livro e Medias anarquistas (Galiza, Espanha, Inglaterra, Alemanha, Sérvia, Portugal …), com a divulgação de centenas de publicações, entre tantas outras actividades e lutas, fazem hoje do Anarquismo (nota: o SOCIAL e não o meramente “filosófico“ou “existencial”) e da sua expressão laboral, o ANARCOSINDICALISMO, algo mais do que apenas um “morto recalcitrante” como desejariam os seus detractores.”

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Acerca da “caça às bruxas” anti-anarquista levada a cabo pela imprensa portuguesa




A maioria dos jornais da chamada “grande imprensa” desinforma, intoxica… Transforma-se em arauta do imobilismo, da acriticidade, do conformismo estupidificante, e é geradora de espíritos medrosos e estéreis, avessos à indignação e à revolta que tanta falta fazem neste país, como no Mundo inteiro!

Comunicado da AIT – Secção Portuguesa à opinião pública

quinta-feira, 4 de março de 2010

Resumo do conflito com o cinema Babylon antes da ilegalização da FAU de Berlim


Artigo em galego que resume o conflito da FAU-Berlim com o cinema Babylon, antes do processo que levou à sua ilegalização, publicado no site da CNT-Galiza.


 O cinema Babylon, localizado no distrito Mitte de Berlin, conta con unha tradición cinematográfica de máis de 80 anos. Encontra-se nun edificio histórico protexido e seu programa de filmes de autor garantiza-lle o éxito nunha cidade moderna como Berlin. Infelizmente isto non se traduciu en unhas condicións laborais dignas. Con poucas perspectivas de que as cousas melloraran, os seus traballadores decidiron tomar cartas no asunto.

Estaban fartos dos míseros soldos (5,50-8,00 euros/hora), de despidos arbitrários, de non receber pluses de nocturnidade e fins de semana, etc., é dicer, de traballar en unhas condicións totalmente precárias. De facto, o próprio director do cinema admitiu que os salários estaban apenas por cima do nível de vida en Alemaña. Ditas condicións laborais eran especialmente escandalosas nun cinema muito coñecido pola proxección de filmes esquerdistas e sociais, e que, ademáis, recebe subvencións anuais de centos de milleiros de euros do Senado de Berlin.

Para tratar de conseguir melloras, uns cantos traballadores decidiron organizaren-se na "Freie ArbeiterInnen-Union" (FAU; Unión de Traballadores Livres) en xaneiro de 2009. Acercaron-se à FAU porque esta organización é fiel aos seus princípios de base e porque un dos seus compañeiros xa conseguira axuda no sindicato.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Federação de Estudantes Libertárixs


Panfleto de apresentação em PDF:
http://www.fel-web.org/portugal/panfleto-presenta%C3%A7%C3%A3o.pdf

Site:
http://www.fel-web.org/

A FEL é composta por pessoas que estão organizadas em grupos duma forma livre e estes têm um funcionamento autónomo. Nestes grupos, as decisões são tomadas na assembleia, que é o mais alto órgão decisório de cada grupo. Tanto nos diferentes grupos como a nível federal, as decisões são tomadas por consenso. Deste modo, asseguramos que todas as opiniões e posições são apreciadas e valorizadas de igual modo, e afastamo-nos da politiquice e das lutas internas grupusculares. Temos também de garantir que as decisões de um grupo, ou da federação, são apoiadas por todxs xs envolvidxs.

Os indivíduos que compõem os diferentes grupos que integram a FEL são partidários das ideias anarquistas e comprometem-se a divulgá-las. Além disso, marcam o seu posicionamento contra qualquer opressão de tipo político, económico, cultural, sexual, racial ou militar, ou seja, são totalmente contra o autoritarismo exercido por uma pessoa contra outra, independentemente da área onde ele se manifesta.

Como organização completamente independente, que é a FEL, não aceitamos nenhuma subvenção, venha ela de onde vier. Praticamos a auto-gestão, isto é, os meios materiais e financeiros de que dispomos provêm de contribuições dadas pelos indivíduos que integram cada grupo e/ou de actividades organizadas para os obter, tais como concertos, refeições, distribuição de materiais, etc.

A FEL fixou algumas metas para avançar, passo a passo, na conquista de uma sociedade autogestionária, com base no apoio mútuo, sem necessidade de Estados:

• Incentivar entre xs alunxs a auto-organização autónoma e horizontal.

• Criar espaços de debate e reflexão, tanto nas escolas como fora delas.

• Partindo de uma crítica radical do actual sistema de educação e suas futuras reformas, que condenam o indivíduo à satisfação das necessidades dos sistemas opressores, propomos como alternativa um modelo de aprendizagem anti-autoritário que facilite a construção de um conhecimento integral. Entendemos que este tipo de aprendizagem é uma ferramenta revolucionária não doutrinária, que nos fará avançar no caminho da liberdade.

• Incentivar a abstenção activa na eleição dos órgãos de “governo” das universidades, já que consideramos necessários outros meios de participação reais, horizontais e directos, pois pensamos que as eleições são uma falsa ferramenta de participação, que tem exclusivamente como fim a legitimação do sistema.

• A FEL declara-se anti-praxe. Pensamos que a hierarquia e o controle nunca podem ser o caminho para a formação de pessoas livres e conscientes. Que o único caminho para a liberdade é a prática sem limites desta e nunca a humilhação e o dirigismo. É por isso que temos a intenção de trabalhar contra a praxe até ao seu desaparecimento natural, pois não há nada que a justifique.

• Estabelecer laços entre estudantes libertários para a troca de informações, ideias e experiências, e para nos apoiarmos mutuamente.

• A FEL é contra todo o dogmatismo ideológico, aberta ao debate interno e a novas propostas, já que considera necessária a crítica construtiva para evoluir. Somos conscientes de que não existe uma poção mágica, e que só a prática da liberdade nos fará livres.
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segunda-feira, 25 de maio de 2009

Trabalho precário: uma nova forma de escravatura

Empresas de Trabalho Temporário: os novos mercadores de escravos

A Conferência anual deste ano da Confederação Internacional das Empresas de Trabalho Temporário vai ter lugar em Lisboa, no Parque das Nações, de 27 a 29 Maio. Ora, o trabalho temporário é um dos exemplos de precariedade laboral que está a aumentar desmedidamente. Em Portugal, os trabalhadores precários são já cerca de milhão e meio, dos quais, quase um terço é “contratado” através de empresas de trabalho temporário. Se adicionarmos os desempregados, os sub-empregados (trabalho parcial), os que estão sujeitos a formas encapotadas de desemprego (“empregados” em acções de formação, com reformas antecipadas, vítimas de rescisões por “acordo mútuo”, etc) e ainda os chamados trabalhadores ilegais, a percentagem de trabalhadores precarizados em Portugal pode ser estimada entre 40 e 50% do total de trabalhadores, o que seguramente nos coloca nos dois ou três primeiros lugares da precariedade na União Europeia.

Os contratos temporários chegam a ser de apenas um mês ou de uma semana, porém, devido ao desemprego e para sobreviver, são muitas as pessoas que se submetem a estas condições, enfrentando um clima de grande instabilidade. Com este tipo de contratação as empresas têm maior facilidade em despedir os trabalhadores, nunca os efectivando e, desta forma, aumentando exponencialmente os seus lucros. Para além de viverem numa incerteza, os trabalhadores são ainda obrigados a aceitar baixos salários pois, na maior parte das vezes, os empregos temporários são conseguidos através de empresas que se dedicam exclusivamente à angariação de pessoal para cederem a outras entidades, apropriando-se de grande parte do ordenado. Só na região de Lisboa e Vale do Tejo, são já cerca de duzentas as empresas de trabalho temporário (tais como a Manpower, a Adecco, a Geserfor, a Select, a Multipessoal, etc.) que se dedicam a comercializar trabalhadores para outras empresas.

As entidades patronais e o Estado, que não é mais do que o defensor das hostes capitalistas, defendem o trabalho temporário e também uma maior flexibilização das leis laborais para, dizem eles, aumentar a “competitividade da economia portuguesa” e diminuir o desemprego. Isto só prova que o papel do Estado é o de beneficiar uma minoria de privilegiados, nem que para isso tenha de escravizar a classe trabalhadora.

Apelamos aos trabalhadores e trabalhadoras a que lutem contra o flagelo e a escravidão agravada que representam o trabalho temporário e a precariedade em geral, sem perder de vista a necessidade de unir as suas forças numa verdadeira luta contra o duplo jugo do Capital e do Estado. Comecemos a organizar-nos para a construção de uma nova sociedade, sem desigualdades sociais, porque a emancipação dos trabalhadores só poderá ser obra dos próprios trabalhadores.


Contra o Estado e o Capital, Revolução Social!
Nem Estado nem patrão! Autogestão!

Associação Internacional d@s Trabalhador@s - Secção Portuguesa
13/Maio/2009
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segunda-feira, 9 de outubro de 2006

Anarco-Sindicalismo

O anarco-sindicalismo é um meio de organização e um método de luta e de acção directa dos trabalhadores, que tem as suas raízes nos postulados da Primeira Internacional e do sindicalismo revolucionário. Inspira-se em fontes essencialmente federalistas e anarquistas, e, com uma nítida actuação revolucionária e uma clara orientação libertária na sua prática, tende constantemente a conquistar as máximas melhorias, em todos os sentidos, para a classe trabalhadora, com o objectivo da sua emancipação integral e da supressão de qualquer tipo de exploração e de opressão do homem pelo seu semelhante ou por qualquer instituição, e, ao mesmo tempo, luta pela abolição de qualquer tipo de capitalismo e de qualquer forma de Estado. Irredutivelmente oposto aos sistemas sociais e políticos hoje reinantes, luta pela transformação radical das sociedades e regimes que neles assentam e pela instauração de um meio social de convivência humana baseado nos princípios do comunismo libertário.
O anarco-sindicalismo não é nem uma doutrina nem uma filosofia. Extrai o seu conteúdo teórico do socialismo humanista e, sobretudo, do anarquismo, cujos postulados de defesa integral da personalidade humana, da liberdade, da solidariedade, do apoio-mútuo e da associação voluntária e federativa, constituem o seu mais sólido fundamento.
O anarco-sindicalismo, dentro do movimento operário moderno, é uma corrente sindical totalmente independente, com características próprias bem vincadas, tanto pelo seu conteúdo básico como pela sua forma de organização e pelo seu desenvolvimento funcional, livre de quaisquer formas de centralismo e de burocracia. Tem sempre em conta a personalidade do filiado e estimula a sua participação na vida sindical. Respeita a autonomia das secções, dos sindicatos, das federações e das confederações. O anarco-sindicalismo também se singulariza pelos método de acção directa que utiliza, pela sua dinâmica e estratégia de luta e pelo facto de os seus objectivos finais estarem sempre presentes na sua orientação social. Outra das suas características distintivas inconfundíveis é a sua recusa de qualquer colaboração de classe, de qualquer compromisso com o capitalismo ou com o Estado, ainda que fosse em nome do "interesse nacional"; de qualquer participação ou intervenção em qualquer organismo, misto ou oficial, dependente do governo ou do patronato; de arbitragens e legalismos e de intermediários de qualquer tipo, nas contendas sociais quotidianas. O anarco-sindicalismo, considerando-se em luta permanente e sem tréguas contra o sistema que combate e pretende abolir, recusa tudo o que interfira com a sua liberdade de acção, tudo o que possa limitá-la ou restringi-la. Está sempre na vanguarda da luta social e das reivindicações dos trabalhadores. O anarco-sindicalismo mantém vivo o espírito revolucionário entre as massas operárias. Exercita-as e treina-as, através do combate voluntário, consciente e directo, no desenvolvimento das suas próprias iniciativas, ao mesmo tempo que contribui para a sua capacitação e máxima preparação, para que, sobretudo, possam vir a assumir conscientemente, prescindindo de qualquer partido político, as suas responsabilidades na autogestão directa da nova sociedade a construir e a organizar, uma sociedade livre, justa e solidária. Nessa nova sociedade, suprimidas as classes e com a ajuda de todos os progressos científicos e técnicos, procurar-se-á proporcionar, a todos e a cada um, através do trabalho e do esforço, individual e colectivo, o máximo de bem-estar e de segurança, com um imprescritível, intocável e inalienável respeito pela liberdade e pela personalidade de cada ser humano, objectivo primordial coincidente com o anarquismo.
O anarco-sindicalismo não pretende ser um fim em si, nem criar uma nova ideologia social predominantemente sindicalista. Também não pretende assumir total e globalmente a representação e a administração da nova sociedade, nem moldá-la de forma uniforme e imutável. A sua concepção do comunismo anárquico está viva, aberta ao futuro e às várias modalidades susceptíveis de aplicação, sempre aperfeiçoáveis, desde que tenha uma base essencialmente libertária.

Objectivos e fins

O anarco-sindicalismo tem uma noção clara de que o desencadeamento da revolução social para derrubar o capitalismo e o Estado, para conseguira a renovação e a transformação da sociedade, não depende unicamente da sua força, e de que não poderia tão-pouco assumir de forma exclusiva todas as responsabilidades funcionais no desenvolvimento da sociedade futura. Não pretende criar uma nova ordem na qual teria um predomínio monopolizador determinante. Também não apresenta o comunismo anárquico como a panaceia ou fórmula mágica para a solução dos problemas económicos, sociais e políticos, mas sim como um objectivo dos mais viáveis, racionais, lógicos, justos e éticos, de carácter sociológico, para conseguir a convivência livre, harmoniosa e solidária, entre os seres humanos que desejam uma sociedade nova, sem antagonismos intestinos, sem alienação da individualidade e na qual as relações humanas possam desenvolver-se sem constrangimentos autoritários.
O anarco-sindicalismo apresenta a solução comunista libertária, caracterizada por ser livre e aberta, evolutiva e aperfeiçoável, sem planos rígidos nem uniformes, visto que, além de ter consciência das grandes mutações e transformações que ocorrerão no mundo e na humanidade, não pode ignorar que as modalidades de aplicação do comunismo anárquico, se bem que conservem e afirmem uma concordância nas suas grandes linhas essenciais e nos seus aspectos fundamentais, terão as suas variantes, devido às condições reais existentes em cada país (condições ambientais, de mentalidade e psicológicas, dos seus recursos naturais e do seu próprio desenvolvimento económico, industrial, etc) e também devido a outras causas complexas, que influenciam o comportamento dos homens e têm as suas raízes na própria biologia das sociedades.
As próprias formas de organização sindical que o anarco-sindicalismo já hoje adopta, dentro do sistema capitalista – as suas estruturas industriais, agrícolas, económicas e financeiras, e outras de tipos variados e complexos que lhe são peculiares, que não pode deixar de ter presentes para uma maior eficácia do seu combate ofensivo e defensivo –, não são inamovíveis. O anarco-sindicalismo, através das suas próprias experimentações e também de forma improvisada, tem capacidade para modificá-las ou aperfeiçoá-las (respeitando sempre as bases funcionais federalistas e de autonomia – o fim e a essência libertária), dadas as próprias mudanças que podem vir a operar-se quando o sistema capitalista-estatal for substituído pela nova sociedade comunista libertária. As bases desta nova sociedade exigirão as necessárias e indispensáveis mudanças e reajustamentos, nos planos económico, da produção e da distribuição, funcional e dos serviços, da organização do trabalho na complexa gama de coisas vitais e aspectos a considerar que afectam o todo social.
O anarco-sindicalismo considera que este tipo de sindicato e de organização sindical pode e deve ser um dos pilares principais em que terá de apoiar-se e suster-se a sociedade.

Características próprias do anarco-sindicalismo

Uma das melhores qualidades e virtudes do anarco-sindicalismo é o respeito absoluto pela personalidade do afiliado, a quem convida, constantemente, a militar, de forma voluntária, abnegada, desinteressada, na vida do sindicato, das suas secções, das federações, da organização em geral; a assumiras suas próprias responsabilidades; a expor livremente as suas opiniões, a fazer as suas opções e a tomar as suas decisões nas assembleias; a participar directamente na acção e na luta; a aplicar as disposições que derivem dos acordos que a organização, de comum acordo, tenha adoptado. Na organização anarco-sindicalista, as decisões (acordos) são tomadas de baixo para cima; os cargos, regularmente renovados, são revogáveis; a liderança e o burocracismo são rechaçados. A organização sindical anarco-sindicalista conta unicamente com os seus próprios meios económicos, baseados nas quotizações dos seus afiliados, para se desenvolver, para a sua actividade, para a solidariedade, isto é, para atender a todos os seus problemas e preocupações. Desta forma, assegura a sua plena e total independência. Pode afirmar-se que não existe organização sindical tão íntegra como a anarco-sindicalista. Os seus militantes não podem aspirar a espécie alguma de sinecura e, ao longo da sua vida, devem dar provas da sua abnegação e servir de exemplo pela rectidão do seu comportamento pessoal.
O anarco-sindicalismo entende que não há nem pode haver convivência livre nem justiça social dentro da sociedade de classes; que os fundamentos desta perpetuam e consagram a divisão entre os homens; que qualquer reforma que não destrua os alicerces dessa sociedade não modificará a essência da situação em que se encontramos trabalhadores, que continuarão a ser oprimidos e explorados. Por estas e outras razões de princípio, o anarco-sindicalismo é contrário à colaboração de classes, à co-gestão, à aceitação de uma participação interessada nas empresas capitalistas. O anarco-sindicalismo e o sistema capitalista-estatal são totalmente incompatíveis.
O anarco-sindicalismo é anti-parlamentar devido à sua posição de princípio anti-autoritária e por considerar o parlamentarismo absolutamente ineficaz, do ponto de vista da efectiva emancipação da classe trabalhadora. A experiência da acção dos partidos políticos operários, denominados socialistas, marxistas, democratas, etc, que, sob a inspiração do marxismo (principal responsável pela cisão da Primeira Internacional e pela apologia e prática da acção política representativa por parte dos trabalhadores, que já existe desde o meio do século passado), chegaram, em certos períodos e lugares, a obter maiorias absolutas e a formar governos, como pudemos presenciar em vários países, é suficientemente eloquente e demonstradora da esterilidade da luta nesse terreno. Dentro do sistema que hoje impera, qualquer governo, socialista, social-democrata ou com qualquer outra denominação, através do próprio mecanismo das forças de pressão existentes neste sistema – dos seus tentáculos e armadilhas omnipresentes –, vê-se obrigado a servir os interesses do capitalismo e do Estado, em nome do grande"interesse nacional" e em detrimento dos interesses da classe operária.
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Extraído do folheto O Que É A A.I.T. ? (editado em Junho de 1999 pela AIT-SP).