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quinta-feira, 23 de junho de 2016

Morreu o anarquista algarvio Júlio Carrapato, cidadão do mundo

julio carrapato
Chega-nos a notícia da morte de Júlio Carrapato. O anarquista algarvio, tradutor, livreiro, editor, professor universitário, mas sobretudo um homem que gostava da vida e da liberdade, morreu esta terça-feira em Faro e o seu corpo será autopsiado esta quarta-feira, não se sabendo ainda quando terão lugar as cerimónias fúnebres
Júlio Carrapato (1947- 2016) esteve ligado ao grupo “Acção Directa”, nutrindo especiais relações de proximidade com elementos deste grupo forjadas em Paris, onde vários dos seus elementos estiveram refractários à guerra colonial; pertenceu depois ao grupo “Apoio Mútuo”, de Évora, onde foi professor nos primeiros tempos da Universidade; criou mais tarde o jornal “O Meridional”, um dos ícones da imprensa libertária pós 25 de Abril.
Regressando a Faro, de onde era natural, abriu a livraria e as edições Sotavento. Entretanto, e posteriormente, traduziu diversos clássicos da literatura anarquista: “O Povo em Armas”, de Abel Paz; “O Ladrão”, de George Darien, entre outros, e escreveu um conjunto vasto de livros em que se destacam: “Resposta de Um Anarquista aos Últimos Moicanos do Marxismo e do Leninismo, assim como aos inúmeros Pintaínhos da Democracia”, “Novas Crónicas Bem Dispostas”, “Os Descobrimentos Portugueses e Espanhóis ou a Outra Versão de uma História Mal Contada”, “Para uma Crítica Libertária do Direito seguido de A Lei e a Autoridade”, “Subsídios para a Reposição da Verdade sobre a Guerra Civil de Espanha”.
Há um par de anos foi operado a um cancro do pulmão. Morre agora uma das vozes mais inconformadas e irreverentes do anarquismo português do pós-25 de Abril, capaz das maiores polémicas em torno dos valores do anarquismo – e da necessidade de separação de águas relativamente ao marxismo e aos vários esquerdismos que gravitavam à sua volta – mas sempre fortemente solidário com todos os que se reivindicavam da prática anarquista pura e dura, sem quaisquer cedências ao politicamente correcto.
Capturar
Jornal “O Meridional”
Em Abril de 1978 começou a publicar-se em Faro, com sede na Praça Alexandre Herculano, o jornal “O Meridional”, que se apresentava como um “mensário algarvio”. Em todo o cabeçalho não havia uma única identificação de que este era um jornal anarquista da primeira à última das suas 10 páginas. Tendo como seu principal redactor Júlio Carrapato, “O Meridional” caracterizou-se por textos longos, sem imagens ou fotografias, bem escritos e muito contundentes para a realidade circundante, poucos anos depois da “instauração da democracia”.
“O Meridional”, publicou-se durante um escasso período de tempo, mas teve uma grande influência nos meios anarquistas devido aos textos de autores (então desconhecidos entre nós) que publicava, à for- ma aguerrida como tratava as questões que, então, estavam na ordem do dia, não poupando nas críticas fosse à direita ou à esquerda e também devido a algumas entrevistas, muito completas, com Juan Gomez Casas (o biógrafo de Durruti e primeiro secretário-geral da CNT após a queda do franquismo), com Simon Leys ou Emídio Santana.

terça-feira, 8 de março de 2016

(8 de Março) A todas as irmãs anarco-sindicalistas



Este 8 de Março saudamos todas as mulheres do movimento anarco-sindicalista.

O nosso é um movimento que aspira a criar uma sociedade igualitária e libertária. O sexismo é uma das formas de discriminação e de hierarquia que é necessário erradicar e não há melhor lugar para começarmos do que onde quer que estejamos. Em muitos movimentos sociais podemos experimentar formas de liderança de facto que favorecem os machos e que, de muitas formas, fazem com que as mulheres não sejam igualmente valorizadas nas organizações. Não temos apenas que questionar a necessidade de líderes de facto, mas também de mudar as nossas noções do que devemos valorizar neste tipo de dinâmicas.
Nunca deixemos de tratar estes temas com seriedade e neutralizemos os que querem fomentar formas de dominação masculina.

A nossa libertação não é um simples assunto de luta de classes, mas sim de uma completa transformação social na qual nos tratemos como iguais e em que sejam derrubados os privilégios sob todas as formas. E, para nós, este estado de respeito e de conduta igualitária deve ter lugar aqui e agora.

Contra todas as formas de hierarquia – não só do estado e do capitalismo.


Secretariado da Associação Internacional de Trabalhadores
7/3/2016

Agradecimento pela tradução: 
https://colectivolibertarioevora.wordpress.com/2016/03/08/8-de-marco-a-todas-as-irmas-anarco-sindicalistas/