(comunicado distribuido durante a manifestação de 21 de Janeiro de 2012)
O novo ano começa com mais e mais “
medidas de austeridade”. Aumentaram as taxas moderadoras na saúde, a electricidade e os transportes; o IVA subiu em vários produtos e serviços; cortaram os subsídios de férias e de natal dos funcionários públicos… E agora vão cortar 4 feriados e 3 dias de férias; vai ser mais fácil e barato despedir; a aplicação do banco de horas alargará o horário de trabalho; o trabalho extraordinário vai ser mais mal pago; as novas leis de arrendamento facilitarão os despejos, etc., etc., etc…
Estas medidas, a juntar aos cortes nos apoios sociais, atingem centenas de milhares de pessoas: trabalhadores, desempregados, pensionistas, estudantes… Mas será que também irão cortar nos vencimentos de ministros, secretários de Estado e assessores? E nos magníficos ganhos dos gestores e directores das grandes empresas e bancos? E cortarão nas enormes pensões mensais vitalícias dos políticos que apenas trabalharam 8 ou 12 anos para as obterem? Será que vão afectar os 25 mais ricos de Portugal (como Américo Amorim, Soares dos Santos da Jerónimo Martins ou Belmiro de Azevedo da Sonae) que em 2010 aumentaram as suas fortunas em 17,8%, somando 17,4 mil milhões de euros, representando 10% do PIB?
Não! Sabemos que isso nunca irá acontecer. Pois a “crise” não é igual para todos.
A maioria da população, sobretudo os pobres, sempre esteve em crise. Porque a “crise” verdadeira é a existência do actual sistema de Capitalismo e de Estado; porque para os governantes, gestores e patrões continuarem a enriquecer é preciso que haja muita miséria e desemprego para pressionar as pessoas a aceitar as mais miseráveis condições: os salários dos mais baixos da Europa, a pior segurança social, os inúmeros acidentes de trabalho, as longas jornadas de trabalho (às vezes 10, 12 e 14 horas por salários de 2,5 e 3€ por hora)…
Nada disto é novidade, só que
está cada vez pior! Por isso não podemos confiar nos que só nos querem caçar o voto para comerem à mesa dos ricos e poderosos: nos partidos políticos e direcções sindicais, que apenas nos querem entreter com promessas ou então com protestozinhos bem-educados e serenos para engodar a malta e ir iludindo os que ainda acreditam que eles “representam o povo”...