quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Contra o encerramento da Ford-Visteon de Cádis!

(Comunicado da AIT-SP distribuído na fábrica Visteon de Palmela a 19 de Agosto de 2011)

Os 450 trabalhadores da fábrica da Ford-Visteon em Cádis (Espanha) estão a levar a cabo uma luta contra o encerramento desta filial da multinacional e pela manutenção dos seus postos de trabalho.

Esta luta tem o apoio da secção sindical da CNT (Confederación Nacional del Trabajo, secção espanhola da AIT) nesta empresa. Este sindicato anarco-sindicalista* convocou uma jornada internacional de solidariedade com os trabalhadores da Visteon de Cádis para o dia 19 de Agosto.

A razão para o encerramento desta fábrica é mais uma vez a deslocalização da produção para outras regiões do mundo onde a mão-de-obra é mais barata. É este o funcionamento do capitalismo global, que favorece multinacionais como a Visteon que, após beneficiarem de apoios estatais (sacados dos bolsos dos contribuintes) e do trabalho e dedicação dos seus trabalhadores, os atiram para o lixo logo que surge a oportunidade de obter maiores lucros noutro local.


Este sistema só pode provocar a constante degradação das condições do trabalho e dos salários dos trabalhadores, sujeitos que estão ao jogo desumano da competição entre "economias nacionais", que coloca trabalhadores de diferentes regiões em concorrência, favorecendo unicamente os patrões e os capitalistas.

Como sempre, não se pode esperar qualquer sensibilidade ou compreensão por parte da administração da empresa. No caso da fábrica de Cádis, a resposta de um representante da empresa-mãe aos trabalhadores foi simplesmente: “já encerrámos 35 fábricas e esta será a próxima”.

A "crise", que tão lucrativa tem sido para os capitalistas e especuladores, apenas vem acelerar um processo duradouro de empobrecimento das classes trabalhadoras a favor do brutal enriquecimento daqueles que vivem à sua custa.

Só a solidariedade entre trabalhadores de todo o mundo pode demonstrar aos nossos exploradores que merecemos respeito enquanto trabalhadores e mudar as regras deste jogo. Por isso é tão importante a solidariedade com os trabalhadores de Cádis, pois não podemos saber se amanhã não seremos nós a precisar do seu apoio.

Contra as deslocalizações, solidariedade sem fronteiras!

Unidos e auto-organizados, nós damos-lhes a crise!

* Um sindicato anarco-sindicalista é uma organização de luta e apoio mútuo dos trabalhadores, estruturada de forma horizontal e federalista; onde nenhum sindicalista pode usufruir de quaisquer remunerações ou regalias pelo desempenho de funções sindicais; que é totalmente independente do Estado e do Patronato, não recebendo destes quaisquer subvenções; onde as decisões dependem sempre das assembleias dos trabalhadores que podem revogar os seus delegados a qualquer momento. Os anarco-sindicalistas, organizados internacionalmente na Associação Internacional dos Trabalhadores, defendem que as armas dos trabalhadores são a solidariedade sem fronteiras, o apoio-mútuo e a acção sem intermediários.