terça-feira, 27 de outubro de 2009

Liberdade para os Anarco-Sindicalistas Sérvios

No início de Setembro foram detidos seis membros e colaboradores da ASI (Iniciativa Anarco-sindicalista, secção sérvia da Associação Internacional dos Trabalhadores), acusados de envolvimento num ataque com cocktails molotov à Embaixada Grega em Belgrado, a 25 de Agosto, em solidariedade com o anarquista Theodoros Iliopoulos, que foi detido nas revoltas de Dezembro na Grécia e esteve em greve de fome durante 49 dias.

O ataque à embaixada, que causou danos insignificantes (uma racha numa janela e uma pequena marca de queimadura na fachada, sendo também pintado um graffiti), foi assumido pelo grupo anarquista ‘Crni Ilija’ e pelo menos um dos detidos – Ratibor Trivunac – negou publicamente o seu envolvimento, quando surgiram nos media as primeiras notícias incriminatórias. Contudo, a justiça sérvia classificou a acção como “terrorismo internacional” (o que pode dar uma pena de prisão de 3 a 15 anos!) e apressou-se a deter estes companheiros: Ratibor Trivunac, Tadej Kurep, Ivan Vulović, Sanja Dojkić, Nikola Mitrovic e Ivan Savić.

A detenção dos companheiros da ASI faz parte de uma série de outros ataques repressivos aos membros desta organização (e inclusive aos seus familiares), que têm sido alvo de constantes ameaças da polícia, perseguições e prisões. Na verdade, integra-se numa vaga de repressão promovida pelos Estados, segundo fórmulas cada vez mais harmonizadas e coordenadas, para, com o pretexto do “anti-terrorismo”, travar a emergência de lutas sociais emancipatórias e a expansão da solidariedade entre essas lutas.

Logo após o ataque contra a Embaixada da Grécia em Belgrado, o presidente sérvio Boris Tadic apressou-se a pedir desculpas ao embaixador grego (a Grécia é o principal investidor da economia sérvia) assegurando-lhe que “o Estado sérvio faria tudo o que fosse possível para identificar e punir adequadamente os responsáveis pelo ataque”. Na verdade, esta declaração significava que encontrariam bodes expiatórios a todo o custo, e os companheiros da ASI, que têm vindo a trabalhar activa e publicamente pela auto-organização das lutas sociais em crescendo nos Balcãs, tornaram-se os alvos ideais.

Aos líderes políticos e capitalistas sérvios interessa promover o nacionalismo e o chauvinismo, desincentivando a união para além das fronteiras daqueles que por eles são explorados e oprimidos. Lembremos que, em Fevereiro de 2008, após a declaração de independência do Kosovo, a Embaixada dos EUA foi incendiada por nacionalistas sérvios, sem que estes tenham sido acusados de “terrorismo”. Lembremos também que, já em Setembro deste ano, activistas do movimento LGBT (lésbicas, gays, bissexuais e transgéneros) foram impedidos de realizar uma marcha em Belgrado, com as autoridades a comunicaram-lhes que não só não garantiriam a segurança dos participantes, como os responsabilizariam por todos os danos causados, inclusive por grupos fascistas que os atacassem. É este mesmo Estado nacionalista e pró-fascista que acusa de “terrorismo” os nossos companheiros.

Neste contexto, pouco interessa se os companheiros detidos na Sérvia são “culpados” ou “inocentes”. Acreditamos, tal como fizeram notar alguns anarquistas gregos numa declaração de solidariedade que “as lutas sociais não são legais nem ilegais: são justas”.

As manifestações de solidariedade com os companheiros sérvios vêm-se sucedendo em todo o mundo. Já se realizaram concentrações, manifestações e outros protestos, pelo menos, em Varsóvia (Polónia), Bratislava (Eslováquia), Viena (Áustria), Praga (República Checa), Ljubljana (Eslovénia), Zagreb (Croácia), Sydney (Austrália), Londres (Inglaterra), Moscovo e São Petersburgo (Rússia), Kiev (Ucrânia), Atenas, Tessalónica e Komotini (Grécia), Hamburgo, Berlim e Frankfurt (Alemanha), Denver (EUA), Sófia (Bulgária), Haia (Holanda), Skopje (Macedónia), Berna (Suíça), Madrid (Espanha) e Paris (França). Em Lisboa, no dia 7 de Setembro, uma delegação da Secção Portuguesa da AIT deslocou-se à Embaixada da Sérvia, onde entregou uma carta de protesto, e, posteriormente, foram colados cartazes de solidariedade nas imediações da Embaixada.

No início de Outubro, após um mês de detenção, o juiz encarregue do caso ordenou o prolongamento da prisão dos companheiros por mais um mês, enquanto “prosseguem as investigações”.

É, portanto, muito importante, que continuemos a solidarizar-nos com os “6 de Belgrado”, porque um ataque a um anarco-sindicalista é um ataque a todos os explorados que lutam.

LIBERDADE IMEDIATA PARA OS COMPANHEIROS DETIDOS NA SÉRVIA!

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