quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A propósito da GRÉCIA …
                        
PARA ALÉM DO DESESPERO:  A INDIGNAÇÃO, A REVOLTA E A AUTO-ORGANIZAÇÃO POPULAR   (o papel do ANARQUISMO e do ANARCO-SINDICALISMO)

As dívidas que os governos e o Estado português contraíram em nome do povo – mesmo daquela parte que não votou em nenhum deles – serviram e continuam a servir  sobretudo para salvar da “crise” os BANCOS que a criaram e para garantir a continuação dos privilégios, luxos e  tachos para governantes, políticos profissionais e demais “representantes” .
 E o que tem a grande maioria da população?... Tem mais POBREZA, mais DESEMPREGO, menos DIREITOS, PIOR SAÚDE, PIOR “SEGURANÇA SOCIAL”, mais (IN)”Justiça”, MAIS CORTES nos “apoios sociais”( subsídios de desemprego, reformas, RSI, e os salários mais baixos da Europa…
 E o que têm tido as cáfilas de governantes, de candidatos a governos, de “secretários de Estado” a diretores dos vários serviços do Estado e grandes gestores privados, de presidentes da república a presidentes de várias instituições privadas e “públicas”?... A ESSES NÃO CHEGA A AUSTERIDADE nem reduções nas suas contas bancárias chorudas, nos bancos daqui …ou da Suíça…

Perante estas atuais e bem visíveis DESIGUALDADES aqui, o facto de na Grécia um pequeno partido como o Syriza - que acabou por ser votado pela grande maioria do povo grego - se propor dar a volta ao texto na situação das “dívidas” do Estado grego ao FMI, ao Banco europeu e às imposições da 1ª ministra alemã Merkel, não pode deixar de gerar a nossa simpatia pelo povo grego .
E pelo governo do Syriza?...  Nisto não deveremos esquecer que na origem da vitória do Syriza está sobretudo, o grande movimento popular –social, laboral, ecológico -  que nos últimos 10 anos não tem parado de se desenvolver nos bairros populares, em locais de trabalho (incluindo HOSPITAIS, alguns deles AUTOGERIDOS e com apoio ativo de anarquistas gregos). Podemos dizer que o voto no Syriza pela maioria da população grega explorada e farta da “austeridade” imposta pela Troika e pelos vários governos,  foi uma última aposta em políticos “representativos” mas que ousaram ir além dos anteriores e se apoiaram nas aspirações de todo um movimento popular de base. O que se seguirá …a ver vamos!

E  EM PORTUGAL?...
Aqui, nem existe o Syriza, nem o BE é o Syriza – nem sequer o “Podemos” espanhol – nem há QUALQUER PARTIDO que possa desempenhar aquele papel… No fundo o medo dos governantes como Passos Coelho, Portas, Cavaco e outros é que aquilo que serviu de base ao Syriza – o forte movimento popular de base – se venha a reproduzir por “contágio” também aqui!...

E mais do que qualquer partido ou partidinho o que falta aqui é exatamente ACÇÃO E (auto-)ORGANIZAÇÃO POPULAR, iniciativas dos próprios atingidos pelas “austeridades” – trabalhadores, desempregados, utentes da segurança social, moradores pobres – que possam constituir um verdadeiro CONTRA-PODER a opor às medidas antipopulares do atual e de qualquer governo .
Para isso é importante que as pessoas mais atingidas pelos problemas se juntem, no seu bairro, no seu lugar de trabalho, na sua associação, que promovam assembleias populares locais onde se DISCUTA e DECIDA o que podemos fazer ao nível local, regional, nacional (e até internacional) para mudar a atual  situação de miséria, “austeridade” e  mafiozice dos senhores do poder económico e político. E às vezes, tudo isto começa por três ou quatro pessoas que já tenham percebido que é a ACÇÃO DIRETA E AUTO-ORGANIZAÇÃO POPULAR e que decidam tornar-se ativas e ajudar as demais a sê-lo também. A solução não está EM QUALQUER PARTIDO que apareça por aí numa manhã de nevoeiro, armado em “salvador do povo”… Não é isso que 40 anos de REPRESENTOCRACIA nos mostram? Apenas mudam as moscas!...

Aqui, a responsabilidade de quem se sinta identificado com as ideias anarquistas e anarco-sindicalistas poderá ser grande, agindo como animadoras e catalisadoras deste necessário movimento popular e laboral.  Dizer, como o diziam alguns, nas movimentações de 2012, que a DEMOCRACIA DIRETA  das assembleias populares que surgiam na altura era “complementada” pela “democracia representativa” parlamentar dos vários partidos, foi e continua a ser apenas uma forma de SABOTAR E IMPEDIR a DEMOCRACIA DIRETA entregando aos nossos pretensos “representantes” a resolução dos vários problemas sociais - que só poderão ser os próprios atingidos, auto-organizados, a enfrentar com algum êxito!

Por isso é importante INFORMARMO-NOS do que tem sido o movimento popular grego de inspiração libertária nos últimos anos – bem como recordarmos e  passar às novas gerações a informação do que foi realmente o tão caluniado PREC (Processo revolucionário em curso) aqui em 1974 e 1975. A História não se repete,  mas dela podemos tirar lições para as lutas de hoje!

UNIDOS e AUTO-ORGANIZADOS NÓS DAMOS-LHE$ A CRISE!   SOLIDARIEDADE ACTIVA COM AS LUTAS DO POVO GREGO!

   S.O.V.-Sindicato de Ofícios Vários- PORTO /AIT.SP
Fev. 2015