Os cortes austeritários sucedem-se continuamente – degradando as condições de vida dos trabalhadores, o seu objectivo é esmagar e/ou enfraquecer a sua capacidade de organização e luta. O lucro é privatizado e os ricos estão cada vez mais ricos, mas os custos, os riscos e a opressão são socializados!
O sindicato burocrático CGTP convocou uma greve geral em Portugal e os sindicatos CCOO e UGT convocaram uma greve geral em Espanha contra as medidas de austeridade para o dia 14 de Novembro. Para este mesmo dia, greves gerais estão a ser convocadas em Itália, Grécia, Malta, Chipre, etc., integradas num Dia de Acção da Confederação Europeia de Sindicatos.
A posição da AIT e das suas secções e amigos é a de que não estamos apenas contra o governo da “troika” e as medidas de austeridade, mas contra a sociedade de classes e contra um sistema económico e social fundado na exploração do trabalho assalariado e na destruição ambiental. Estamos a favor da auto-organização e da auto-emancipação e, por isso, a nossa luta processa-se fora das estruturas de colaboração de classes e dirige-se contra as mesmas.
A nossa organização irmã em Espanha, a CNT-AIT, declara num comunicado que os sindicatos reformistas CCOO e UGT, após hesitação, convocaram a greve geral de 14 de Novembro, para a qual foram arrastados “por um lado, pelo aumento da inquietação e das mobilizações sociais na rua e, por outro, pelas contínuas medidas contra os trabalhadores de um governo ao serviço das elites financeiras e dos empresários, que não tem intenção de conceder sequer as migalhas que permitam ao sindicalismo institucional justificar o seu papel”.
E mais adiante: “A CNT acordou convocar uma greve geral para o dia 14 de Novembro, o que faremos à nossa maneira, com as nossas próprias reivindicações. Decidimos que esta greve é necessária mas não é suficiente e fazemos um apelo para que se vá mais além do estéril e frustrante cenário dos sindicatos institucionais ao qual estamos acostumados”.
A AIT-Secção Portuguesa escreveu, num artigo publicado no Boletim Externo da AIT nº3 [http://www.iwa-ait.org/?q=es/node/248], acerca das encorajadoras manifestações de 15 de Setembro, que foram convocadas sobretudo através da Internet. Estima-se que cerca de 500 000 pessoas se tenham manifestado em Lisboa e 100 000 no Porto, tendo-se realizado manifestações em mais de 30 cidades portuguesas.
Desde então, segundo os nossos companheiros portugueses, realizaram-se manifestações quase todas as semanas. Também constatam as fraquezas e contradições neste movimento, se for meramente dirigido para objectivos políticos tais como eleições antecipadas, etc., os perigos do nacionalismo e também no caso de se tornarem meros movimentos de pressão e não “o crescimento de um movimento social pela auto-organização das lutas, com perspectivas de uma transformação radical da economia e da sociedade”.
O Secretariado da Associação Internacional dos Trabalhadores (AIT) vem por este meio manifestar o seu apoio às mobilizações da CNT-AIT em Espanha e da AIT-SP em Portugal e aos passos seguintes que tão necessários são para intensificar as acções directas e a solidariedade.
Nestes tempos, torna-se claro que a “liberdade” para os capitalistas significa a ditadura económica e a escravidão para a vasta maioria e as secções e amigos da AIT manifestarão a sua solidariedade com as nossas organizações irmãs no dia 14 de Novembro, protestando contras as medidas de austeridade, contra a exploração e a opressão!
Pela auto-organização e auto-emancipação dos trabalhadores!
Viva a AIT e o anarco-sindicalismo!
Oslo, 5 de Novembro de 2012
Secretariado da AIT