Escusado será dizer que o rumo da sociedade capitalista não é determinado pelos trabalhadores, mas pela burguesia, graças à força que a posse do capital lhe confere e por intermédio dos aparelhos partidários que lhe pertencem inteiramente e se vão revezando no poder. Se esse rumo que veio a ser delineado a partir de cima no decurso das últimas décadas conduziu a um beco sem saída, não será isso a impedir a classe dominante de tentar resolver o problema da maneira habitual: pondo-o às nossas costas.
Não, trabalhadores que somos, não nos compete preocuparmo-nos com o crédito, a banca, a dívida pública, as agências de rating, o FMI, e todo o restante palavreado da economia de crise que agora inunda as páginas dos jornais, mas antes com o desemprego, a precariedade, os salários de miséria, as pensões insuficientes e todos aqueles outros problemas que são efectivamente os nossos e que vemos agravarem-se dia após dia.
A única alternativa a esta austeridade que o Estado e o patronato querem e precisam de nos impor só poderá vir de um combate mais duro e mais terrível do que tudo aquilo a que, até agora, viemos a ser habituados. É preciso reunir a força, a coragem, a organização e a determinação necessárias para o travar e para o levar, contra quem nos queira barrar o caminho, até às últimas consequências!
Toda a luta deve ser auto-organizada. Com aqueles que sofrem os mesmos problemas que nós, podemos criar grupos, assembleias, movimentos, sindicatos auto-organizados e lutar directamente, sem recurso a intermediários, tendo ao nosso lado apenas iguais, não renunciando a métodos, hoje malditos mas que já provaram a sua eficácia, como o bloqueio, a sabotagem, a greve ‘selvagem’ e, acima de tudo, a solidariedade e o apoio-mútuo entre explorados e oprimidos em luta.
Unidos e auto-organizados, nós damos-lhes a crise!
Abril/2011
Associação Internacional dos Trabalhadores – Secção Portuguesa
Núcleo de Lisboa