A filial da Cruz Vermelha Internacional no Bairro de Saavedra, em Buenos Aires (Argentina), despediu sem causa o docente Federico Puy, que leccionava as matérias de Educação Cívica e Língua e Literatura ao primeiro e ao terceiro anos do Bacharelato para adultos com orientação em Saúde, que ali funcionava.
A boa disposição do professor, a identificação que conseguiu com os seus alunos e os conteúdos ensinados em matéria de direitos humanos, enfureceram as autoridades do estabelecimento que despediram o docente, actuando desta forma como na época da ditadura militar, coarctando a liberdade de expressão e de escolha dos professores.
Para além de submetido à precarização laboral, Federico Puy não recebeu qualquer pré-aviso de despedimento, nunca lhe foram mostrados os pagamentos realizados e foi-lhe alterada o momento de entrada no estabelecimento, para poder fazer uso do período de experiência e despedi-lo.
Questionaram-lhe a planificação anual, aludindo a que “tinha muita carga ideológica”, obrigando o docente a retirar das unidades temáticas das sua aulas de Educação Cívica conteúdos referentes aos Direitos Humanos e à história dos sangrentos Estados toatalitários da história contemporânea, alegando que não eram temas que os alunos devessem conhecer. Também o proibiram de falar de Sindicalismo e Peronismo nas aulas, tendo-lhe sido proposto que, em alternativa, leccionasse as Encíclicas Papais referentes ao tema. Convém sublinhar que o Ministério da Educação da Argentina promove e permite que se fale dos Estados totalitários e do sindicalismo nas aulas.
Os estudantes realizaram uma petição exigindo a reincorporação do professor despedido e pediram explicações às autoridades do estabelecimento, a resposta por parte da direcção da Cruz Vermelha (filial de Saavedra) foi o início de uma perseguição aos alunos, caindo em discriminações raciais e xenófobas.
Este é um caso de descriminação ideológica e uma pequena mostra de que na sede de Saavedra não se respeitam as bandeiras de humanidade erguidas pelos milhões de voluntários e colaboradores da Cruz Vermelha Internacional, sempre presentes, prestando a sua solidariedade, nos locais onde têm lugar as catástrofes políticas, sociais e ambientais. Além do mais, demonstra a precariedade laboral, o autoritarismo, coarctando a liberdade de expressão e a liberdade de ensino pelas quais tanto lutaram milhares de pessoas nas épocas mais duras da história da Argentina.
Por isso exigimos:
BASTA DE DISCRIMINAÇÃO IDEOLÓGICA!
REINCORPORAÇÃO IMEDIATA DO PROFESSOR FEDERICO PUY!
Informação compilada a partir de diversos comunicados que nos foram enviados pela Sociedade de Resistência de Ofícios Vários – Capital (Federada na FORA-AIT).
Contacto: oficiosvarioscapital@fora-ait.com.ar
Enviar demonstrações de solidariedade e pedidos de reincorporação para:
info@cruzroja.org.ar
escuelacentral@cruzroja.org.ar
saavedra@cruzroja.com.ar
v-crespo@cruzroja.org.ar